A Era da Informação e a Era da Inteligência Artificial

O que podemos esperar de mudança em nossas organizações com a ampla adesão por recursos de Inteligência Artificial?

O acesso à informação de qualidade, sempre foi um fator de diferenciação e de vantagem competitiva entre grupos, organizações e até governos. A diferença entre uma entidade que detém informações e outra que não detém acaba provocando um gap importante em relação às capacidades e oportunidades de análise e tomada de decisão.

Podemos observar a importância que o conhecimento de dados possui em relação às disputas entre grupos diferentes, como por exemplo, durante as duas grandes guerras mundiais. O fluxo de informações, a utilização da criptografia e a extrema preocupação com a confidencialidade de informações foram fatores determinantes e possuíram grande impacto no resultado da própria guerra.

É claro que esse impacto também está presente nas organizações. Ter um bom benchmark, conhecer os números da concorrência entre outras tantas informações, consolida-se como um fator que permite estabelecer esse gap em relação à concorrência. Por outro lado, com o avanço da tecnologia o acesso à informação foi muito facilitado ao longo do tempo e, portanto, amplamente democratizado entre todas as empresas nos mais variados segmentos de mercado. Com isso, houve nivelamento o que diminuiu consideravelmente o gap, e por consequência, as vantagens competitivas entre as organizações. Com isso, a especialização de pessoas em Data Analysis, cientistas de dados entre outros papéis que se tornaram muito relevantes neste novo contexto. Isso ocorre porque o novo gap está na capacidade de análise dos dados que as organizações possuem e a capacidade de converter essas análises em valor.

Uma vez que a área tecnológica acompanha de perto os grandes movimentos de mercado, nossa sociedade encontrou na Inteligência Artificial uma forma bastante adequada de trazer parte do processo criativo e decisório para soluções automatizadas. Sistemas autônomos que conseguem trabalhar dados nas suas formas brutas e que por meio de treinamento de sistemas de machine learning, conseguindo trazer soluções de valor para as organizações e, ao mesmo tempo, tomando todo o processo muito mais ágil.

É claro que para que essas tecnologias sejam possíveis é necessário que o contexto geral esteja preparado para tal. Nessa questão o fato de que hoje temos volumes extraordinários de informações sistematizadas e possíveis de serem acessadas por meio de sistemas computacionais, que hoje já possuem capacidade de processamento adequado, acabou por viabilizar o emprego da Inteligência Artificial em escalas globais. Esse contexto permitiu que A forma de interação nossa com esses sistemas tivesse uma mudança significativa deixando de ser simples consultas de dados para sistemas autômatos que recebem descrições de problemas e a resposta já é a solução proposta com base em toda uma extraordinária base histórica.

Um exemplo de Inteligência Artificial que realizou essa mudança é o ChatGPT que nos oferece acesso à uma aplicação web textual que atua recebendo a exposição de uma solicitação para solução de um problema e o sistema responde com a solução mais correta que ele encontrar. A grande diferença que a pergunta não é feita para obter uma informação, mas sim por um trabalho que até então só era possível de ser realizado por pessoas. Portanto, quando as organizações conseguirem alinhar esses novos recursos com os contextos particulares de suas empresas, estas usufruirão de uma agilidade muito acima da média em relação aos seus concorrentes.

A era da informação, que visava o acesso aos dados, agora muda seu foco para a busca direta de soluções e recomendações. O papel dos profissionais, neste novo momento, é o de monitorar o processo e realizar eventuais ajustes no treinamento e configuração desses ambientes.

Outro aspecto relevante para ser levado em conta é o volume de atendimentos às demandas que este novo modelo possui. Este não é limitado pelo fator colaborador/hora, o que faz com que este volume possa ter escala praticamente infinita. Estes atendimentos, sem o emprego da Inteligência Artificial, somente eram possíveis de serem entregues por equipes especializadas.

Nesse contexto, cabe aos humanos terem o conhecimento de qual a melhor forma de elaborar as perguntas e de conhecer as capacidades de cada recurso, além de saber como realizar a combinação entre os diversos frameworks disponíveis pelos players da área de tecnologia.

Podemos imaginar que estes são os protótipos de autômatos em software que terão cada vez mais presença em nossas vidas. Na atualidade, ter um autômato à disposição e que esteja alinhado com as estratégias de nosso negócio, se configuram como o novo gap entre as organizações. O objetivo aqui é trazer um assunto relevante de maneira que possamos decidir desbravar nova oportunidade e de se preparar para se manter competitivo nessa nova Era da Inteligência Artificial.

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Maurício Pontuschka é Senior Partner e CTO da Blue Management Institute. Também atua como membro do comitê executivo da Bossa.etc, Afferolab e Peoplecraft. Mestre em Engenharia Elétrica pelo Mackenzie, Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Pós-Doutorado pelo INPE. Possui especialização pela Harvard Business School. Foi Chefe de Departamento de Computação na PUC-SP. Atualmente é membro do grupo de pesquisa do ITA em robótica aplicada à área aeroespacial. Publicou artigos científicos em revistas internacionais como Journal of Physics e IntechOpen.